Quando eu era criança, minhas bonecas tinham nome e data de nascimento e na minha "casinha" sempre havia festa com direito a chá e comidinha (de mentirinha...).
Cresci dizendo que queria ter muitos filhos e achava um absurdo as mães que tinham filho único...
ATÉ QUE,
Virei mulher, me casei e me tornei mãe de um filho só!
Quando Ricardinho nasceu, vivíamos com muita dificuldade financeira (como a grande maioria dos brasileiros...), o dinheiro mal dava para pagar as contas. Por volta dos 4 anos de idade, Ricardinho entrou na escolinha particular, porque os horários da creche não casavam com os nossos dos serviços.
Da escolinha pro colégio particular foi um pulo. Abrimos mão de muita coisa pra garantir isso a ele.
E com todo esse esforço o desejo de ter mais um filho foi ficando abafado, colégio particular pra mais um não dava e não achávamos justo tirar ele da onde estava e gostava tanto.
Por um período, como toda criança ele pedia irmão, mas depois dos 8 anos já não mais.
Sempre o questiono se é feliz sendo filho único e ele me diz: Mãe relaxa que eu sou feliz assim!
Ele não faz ideia de como meu coração fica aliviado.
Penso que se ele tivesse um irmão na descoberta da doença do Pai, o fardo não teria sido tão pesado porque ele teria com quem dividir suas angustias e inseguranças (nesse período ele ficava com os primos).
Ricardinho foi a razão principal pela luta diária do Ricardo em vencer o câncer. Sei que cada vez que ele pensava em desistir o olhar do nosso filho e o amor de ambos falou mais alto.
Sei que ele foi a "ancora" que o prendeu a vida.
Dentro de mim adormeceu esse arrependimento de não ter tido outro filho, mas sei que foi pensando no melhor pro Ricardinho que tivesse apenas ele.
Estou com 38 anos e sei que tem muitas mulheres realizando esse sonho agora, mas hoje o nosso foco é outro, os desafios são gigantes e esse desejo já não lateja mais em meu coração.
Fico feliz em saber que meu filho é uma pessoa muito amada, tem muitos amigos, divide as coisas que tem, não é egoísta.
Por outro lado também já ouvi e vi historias de irmãos que se odeiam, ou muitos que passaram a ser inimigos nas famosas divisões de herança...
Discordo de quem fala que quem tem um não tem nenhum. PORQUE os filhos são de alma única, o que um faz o outro não faz e um não substitui a ausência do outro, porque acho que quando Deus resolve levar um embora, a ferida que se abre no coração não é preenchida pelos que ficaram, ela permanece aberta e doí eternamente, acredito que os que ficam nos ajudam a nos manter vivos, mesmo que seja pela metade...
E você o que pensa sobre isso? Tem um ou mais filhos?
Minha irmã Sabrina depois de 13 anos resolver ter mais um, o nosso Felipe e acho que foi a decisão mais acertada que ela fez na vida. Então eu derramo nele a alegria de ter um novo pequeno na nossa família.